Digo-vos eu que ...

... A culpa é da minha fontanela posterior, que é deficiente. Vai não vai, vamos masé montar uma coluna vertebral. E como pessoa sortuda que sou, calhou-me fazer a correcção da pergunta 6 da frequência de IRT, aquela pergunta à qual não respondi porque adormeci forte e feio na aula em que vimos o filme. Bendito seja o Cristo, que me tentou acordar vezes sem conta, ámen. A professora de Bioquímica fala chinês. Ela é Imunoglobulinas, ela é Hemoglobinopatias, ela é palavras que nem consigo pronunciar. O meu caderno é uma obra de arte, vai a Rita Matosinhos, epá, desde quando é que a Kitty é tão gorda e eu, cala-te Rita que eu hoje não estou com paciência e dá-me mas é a borracha. As aulas práticas são do melhor, é 1m90 de altura de pura pandeleirice, “coleguinhas, vamos pôr o xixi no tubinho e pô-lo a ferver, para ver se muda de cor”, “coleguinha, não vê que tem que enfiar a coisa no buraco, mas com cuidado que o buraquinho é apertado”. Mas eu gosto mesmo é quando a Sara incendeia o peixe na cozinha e ficamos assim numa espécie de discoteca com cheiro a queimado, hum, que coisa boa. Chamam-me porca à força toda por arrotar a alto e bom som e guna por ter a tatuagem na mão. Nas aulas de Bioestatística, entre os 80 OK’s do prof em 20 minutos, gozam comigo por dizer afiadeira e porta-minas. Adoro falar de baba de camelo com a Patrícia, sabe-se lá porquê, diriam vocês, não queiram saber, digo-vos eu. Vivo num mundo de loucos e ninguém me avisa. A culpa é da minha fontanela posterior, continuo a afirmar.