
Frio. Tenho frio.
Conheço-me e não sou ninguém. Não sou ninguém porque me perdi. Perdi-me nas profundezas (agora) escuras do teu olhar. És tão frio, sinto-te fugazmente, mas é tão intenso que me corta as palavras da boca. Sinto a minha face glacial, entre coberta por pedaços de gelo, olho as minhas mãos e vejo-as tremer incontroladamente, abandonadas, sem ninguém que as segure.
Como a vida muda. Muda tão rapidamente que nem a sinto passar. Quando dou por mim, estou parada, a contemplar o vazio (tu és). A recordar os tempos em que o teu olhar era quente, acolhedor. Em que me entregava nele assim que o via. Já foi há tempos. Há demasiado tempo para continuar a relembrá-lo.
Deixava-me cair nessas profundezas paradisíacas dos teus olhos castanhos e por lá ficava. Era capaz de ficar horas a admirar o brilho que deles irradiava, a vida que eles me transmitiam. Como me faziam levitar e sentir o cheiro de amendoeiras em flor num Sol quente algarvio.
Sentia-me capaz de voar na palma da tua mão, o meu desejo era somente prender esse teu olhar num instante chamado sempre. Os olhares trocados, meu amor, eram tão efémeros, mas conseguíamos sempre absorver na íntegra o seu significado. Era no olhar que dizíamos tudo, era no olhar um do outro que nos fixávamos antes de nos beijarmos.
Sentia-me capaz de voar na palma da tua mão, o meu desejo era somente prender esse teu olhar num instante chamado sempre. Os olhares trocados, meu amor, eram tão efémeros, mas conseguíamos sempre absorver na íntegra o seu significado. Era no olhar que dizíamos tudo, era no olhar um do outro que nos fixávamos antes de nos beijarmos.
Outrora olhares quentes e sorrisos escondidos. Outrora sim, outrora.
O olhar que hoje me lançaste foi diferente. Voltei a perder-me nas suas profundezas, mas não me senti leve com uma pena, suave com uma carícia. Nem tão pouco mais ou menos. Senti-me num poço sem fundo, algo que nunca pensei ser possível no teu olhar.
Os teus doces olhos castanhos tornaram-se frios e escuros. Fiquei por lá perdida, naquela escuridão a tentar encontrar saída. Nem a tua presença senti. Foi um olhar tão banal, tão vulgar, que só quem não te conhece consegue de lá sair incólume.
Outrora. Agora, és o desconhecido, caminhas no meu olhar e nem o valorizas. Assim o fizeste.
Outrora. Agora, és o desconhecido, caminhas no meu olhar e nem o valorizas. Assim o fizeste.
Saí de lá com a alma congelada. Se é que a tenho.
Penso que a deixei no (teu) olhar distante.
Penso que a deixei no (teu) olhar distante.
não te percas nesse olhar sue*
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