Dizem que o cão é o melhor amigo do homem. Talvez o seja. Na minha opinião qualquer animal pode ser o melhor amigo do homem e a minha gata era a minha. Perdi-a hoje. Tão difícil como da última vez, há 3 anos atrás, já não me lembrava do árduo sofrimento que uma perda nos traz. Não, não é só por ser um animal que se torna mais fácil de ultrapassar. Muito pelo contrário, a relação que se cria entre animal e dono é muito mais intensa e misteriosa do que com as pessoas. Entender no olhar o que ela me estava a tentar dizer, perceber no seu miar as suas necessidades e tudo era recíproco. Receber as lambidelas quando mais precisava, sentir o seu ronronar nas minhas pernas quando eu estava tranquila.
E agora sofro as últimas recordações que tenho tuas, Mia. O último carinho que te dei, ontem a noite, antes de me deitar. Uma festa tão fugaz, tão rápida, eu não adivinhava que seria a última. A derradeira vez que te alimentei, ontem à noite, antes de jantar. As últimas brincadeiras que partilhámos, ontem à tarde, depois de almoço, onde te agachaste no meu colo ao Sol e me lambeste o queixo, num gesto de afecto. Tudo isto agora me entra na memória e martela, como que dizendo que devia ter aproveitado melhor. Martela como um relógio, tic-tac tic-tac, que não pára, levando para cada vez mais longe os nossos momentos. Levando-te para cada vez mais longe de mim, e para sempre.
O sol não voltará a iluminar os teus olhos outrora tão jovens e vivos. Via neles a alegria, a simplicidade de um mundo em que conseguia entrar sempre que acariciava o teu longo e suave pêlo.
Não é fácil, não é mesmo nada fácil sermos nós a encontrar a nossa gatinha ali prostrada, no meio do alcatrão, os olhos sem vida. E uma vez basta. Já chegou o sofrimento e o trauma que me provocou perder a minha primeira gata, há 3 anos. Ontem lembrei-me desse episódio.
E hoje, repetiu-se. Saí de casa há tua procura, chamando pelo teu nome, procurando nos recantos onde te escondias, quando o meu olhar fugiu para aquela faixa de alcatrão e me deparei com o pior dos cenários. Um soluço irrompeu do meu peito, um sufocante “Miaaa” e as lágrimas desta vez, não se contiveram. Não evitei, desabei, as minhas pernas fraquejaram e soltei toda a dor que me consumia. Foi a primeira vez que os meus pais me viram chorar. Só disse “vai tirá-la dali”, esperei e saí de casa a correr, a chorar, o sofrimento a apoderar-se, incontrolável.
E agora lembro tudo o que passei, as lágrimas invadem-me os olhos de cada vez que penso que nunca mais te verei, o martelo cada vez mais forte e incessante, tic-tac tic-tac. E saber que foi de propósito, ver ali as marcas de travagem na estrada mas saber que foi tudo propositado, mais um louco ao volante que não se importa com a dor que provoca com a perda. Mais um louco que devia morrer, porque se eu soubesse quem era, faria jus à minha dor. Mais um louco que me faz repetir o mesmo sofrimento, mais um louco que fez com que fosse eu mesma a ver o nosso animal jazendo sem vida. Mais um louco que me põe novamente abaixo agora que voltava a sorrir.
E agora lembro tudo o que passei, as lágrimas invadem-me os olhos de cada vez que penso que nunca mais te verei, o martelo cada vez mais forte e incessante, tic-tac tic-tac. E saber que foi de propósito, ver ali as marcas de travagem na estrada mas saber que foi tudo propositado, mais um louco ao volante que não se importa com a dor que provoca com a perda. Mais um louco que devia morrer, porque se eu soubesse quem era, faria jus à minha dor. Mais um louco que me faz repetir o mesmo sofrimento, mais um louco que fez com que fosse eu mesma a ver o nosso animal jazendo sem vida. Mais um louco que me põe novamente abaixo agora que voltava a sorrir.
Não poderei ver novamente os teus olhinhos verdes mirando os meus, a tua patinha brincalhona puxando suavemente o meu cabelo, o teu focinho mimando o meu nariz, a tua felpuda cauda parecendo uma antena… o teu pêlo amarelo e brilhante, sedoso e tão suave. Não poderei voltar a ouvir o teu ronronar feliz quando te deitavas ao meu colo, pela noite adentro.
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Amo-te, amo-te, amo-te, amo-te e até ao fim amar-te-ei.
Mia, é para sempre, sempre.
Adorei o texto *.*
ResponderEliminarA perda de alguém que amamos (seja uma pessoa ou um animal de estimação) é sempre algo para o qual nunca estamos verdadeiramente preparados. :(
Beijinho :)
OOOooohhh Sue...imagino a dor e a enorme perda k tenhas sentido...é mt triste,sinto mt...mas agora ja n há nada a fazer,a unica coisa que tu podes fazer e lembrar.te da Mia com carinho pk ela vai estar smpre dentro do teu coraçao,de certo que foi uma boa amiga...nunca passei por isso,mas sei k um dia,mas um dia k espero k venha longe vou passar o mesmo pelo meu cao...é td p mim...gosto demais dela,e vai ser uma facada no coraçao kuando chegar a hora dele mas espero k venha mt longe ainda...vai fazer 8 anos mas parece um autentico cachorro,é mt vivo e esperto!!! Espero k consigas ultrapassar essa tua dor!!!
ResponderEliminarE nunca deixes de escrever tb pk tens o jeito a correr-te nas veias =]
Bjokinha <3
como compreendo esta dor :'s
ResponderEliminara perda de um animal, para mim, é muito maior a um desgosto amoroso. é que nem se compara. é uma dor tão grande no peito :s
podem passar dois, três, quatro meses. nunca me vou recompor da perda da minha cadela. foi um choque.
acredita o teu texto fez-me chorar
escreves tão bem! vou seguir :)
quando falaste em março, nao hesitei em vir procurar se tinhas algo sobre ela.
ResponderEliminarEstá lindo. Não consigo dizer muito mais. As lágrimas não pararam de cair enquanto lia.
A minha Mimi está melhor, e eu sei que juntas ela vai voltar ao que era, pelo menos espero eu.
Até porque também foi propositado. Envenenaram-na, descobri ontem. Bastava saber quem fosse e isto não ficava assim. Mas aconteça o que acontecer ela será sempre a minha Mimi, tal e qual como esta gatinha linda será sempre a tua Mia. Mesmo que ninguém entenda, que não são apenas gatas, são muito mais.
Estou chorando muito com seu texto.. muito bonito... não sei o que fazer.. a minha Teka sumiu ontem a noite e não paro de chorar desde então... a dor consome meu coraçao e enlouquecem meus pensamentos... como é triste olhar pela casa e saber que ela nao esta... que fugiu náo sei pq. sem motivos... correu muito de susto e nao voltou.. como doi saber que mais uma noite dormirei sem ela do meu lado. sem ouvir seu ronronar de alegria por saber que estavamos quentinhas e era hora de descansar.. de acordar com sua spatinhas tocando meu rosto para ir tomar o cafe que ja esfriava na mesa... como é triste .. como doi saber que nunca mais poderei ve-la novamente.. como procura-la.. como encontra-la? esquece-la? jamais.. mesmo que eu quisesse.. seria impossivel.. tudo que vivemos e que gostaria que tivesse dado tempo para vivermos.. ai como é triste.. como dói.. parece que ouço seu miar.. parace que ouço sua coleirinha batendo quando pulava para brincarmos... cade vc. Teka? nao faz isso comigo....
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