11 de junho de 2009

trocada (?)

Tinha o ritmo no meu corpo, dizia-me para não parar, eu queria mais e sentia a música, e enquanto os meus cabelos revolteavam a pista e eu dançava comigo própria tu afastaste-te. Foste dançar a tua própria música, agarraste nessa miúda de tez branca, tão bonita que era. Sim, ao menos escolheste uma que fosse bonita, já que ias apenas aproveitar a noite sem te dares ao trabalho de conhecer a outra beleza dela (sinceramente, acho que a beleza dela era apenas física, mas adiante).
Com esse teu ar sedutor e discreto ao mesmo tempo (que me fascina, que me fascina tanto) aproximaste-te. Ela também era fácil, não se fez de esquisita e aceitou de bom grado a pouca distância a que estavas dela.
Parece que, desta vez, foram os cabelos dela que revoltearam a pista toda, eram os seus cabelos que se viam por todo o lado, pareciam um fantasma, perseguiam-me. Tornavam-me pequenina, eu era minúscula aos meus olhos. Também era só aos meus olhos que ela parecia a maior, já que o resto das pessoas continuava indiferente à situação e continuava a dançar ao ritmo alucinante com que o DJ dava som à sala.


Desviei os olhos desta cena que me estava a por paranóica e fui ao bar. Pedi uma vodka preta, “com muito gelo” e o empregado ainda mandou a boca “estás assim tão quente por estar perto de mim, gata?” – Arghhhh, piropos mais nojentos.
Agarrei no copo e, já sem vontade de me divertir, sentei-me. E vi – vi com os meus olhos que de repente me davam a ver um mundo baço, como se tivesse uma cortina de água à minha frente – os teus lábios a beijar o pescoço dela, as tuas mãos a desviarem-se para a sua cintura e o que mais me doeu foi ver o sorriso feliz dela. Deu-me náuseas, levantei-me e, com as tonturas, o copo caiu. Ninguém pareceu dar conta do vidro a partir-se a espalhar-se pelo chão – somente tu. Sim, tu tiraste os teus olhos dela para olhares os meus, vieste ter comigo, preocupado. ”Estás bem?”, “sim estou”, “de certeza?”, “vai ter com a miúda, eu fico bem”. E foste, nem percebeste que o que me doía não era o corte que o vidro tinha feito na minha mão, mas sim a minha alma, de tão longe que estava da tua. Deste-me um beijo na cara, “sabes que sou teu amigo e me preocupo” (pois sim, amigo. Eu quero mais!).

“eu…”, já ias longe – “eu… amo-te” – não ouviste,

-tinhas os lábios demorados nos dela.

2 comentários:

  1. «“eu…”, já ias longe – “eu… amo-te” – não ouviste, -tinhas os lábios demorados nos dela.»

    Oh su'e tu escreves tão bem *_*

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