Comboio do Amor

Não, de momento eu não estou em 2010. A minha Vida acaba de recomeçar e estou a 25 de Abril de 1974, a alegria quase me salta dos olhos e o meu peito bate mais forte que um tambor. Sabes meu amor, aquela resmungice logo de manhã em que só me apetecia mandar-te para fora do quarto à estalada? Até essa desapareceu temporariamente, hoje acordei a cantar e nem dei pela tua ausência. Ontem saí à noite e amanhã repito. Na Quinta nem me apanhas em casa. Vou dançar até cair para o lado, à chuva, ao frio, sozinha ou acompanhada. Vou dormir nas aulas porque não tenho responsabilidades. Vou beber cerveja de pressão porque é barata e cheira a espírito universitário. À parte da quantidade de raparigas que existem para um rapaz naquela Faculdade, vou observar o que me rodeia e ter o lado esquerdo saudável e forte. Agora se não te importas, vou ali roubar um cravo e apreciar a liberdade, meu amor.