25 de janeiro de 2009

(re)lembro as sensações


Debruço-me hoje sobre a folha de papel, ainda a pensar no que quase fiz.
Ainda bem que não aconteceu. Nem sei como me controlei, foi mesmo difícil.
Foi hoje mesmo que descobri que, quando entro no meu subconsciente, não penso por mim própria, sigo os meus instintos.
**
Estavam todos embrenhados no filme que viam, até ela. Num certo momento, desligou do filme. Recordou a forma como ele lhe acarinhava a face, recordou a forma como ele a olhava intensamente nos olhos, recordou a forma como lhe sorria. Recordou a maneira como lhe pegava na mão e a beijava apaixonadamente.
Naquele mesmo instante, naquela mesma sala cheia de amigos e conhecidos, reviveu tudo de tal forma que sentiu os lábios dele sobre os dela, sentiu o seu cheiro, sentiu o seu toque. Olhava para o televisor sem ver nada, os seus olhos estavam bem mais longe, num sonho só dela. Sentiu-o como antes o sentira.
**
Enquanto estava perdida nas minhas memórias, nem me apercebi que estava alguém ao meu lado. Não queria sair daquela recordação, tinha acabado de (re)viver os momentos em que me senti realmente bem, feliz.
Queria sentir aquele toque para sempre, queria aquela sensação eterna.
**
Ela fazia de tudo para não deixar de sentir aquilo. E o alguém que se tinha aproximado, de repente, beijou-a na face. Ela semi-despertou para a realidade, mas nem olhou para o lado para ver quem era. Inconscientemente, aquele beijo reavivou ainda mais a sensação, e aquela respiração quente junto ao seu ouvido quase fez com que ela procurasse aqueles lábios com os seus e os beijasse. Estava iludida, ela pensava somente nos lábios que a fazem feliz, nem sequer considerou que aqueles ali ao lado não eram os que ela desejava, mas eram sim outros apenas.
**
Acordei a tempo. Controlei-me depois desta vontade enorme de errar. Sabia que o erro traria muitas consequências. E nenhuma delas era boa. Pensei: "não é isto que queres. Não são estes os lábios com que sonhas".

Conheci-me melhor. Percebi que vou até aos limites do erro quando penso nele e nos nossos momentos. Tenho que aprender a não pensar.
Faço tudo para sentir de novo aqueles lábios. Para ter aquela sensação de novo.
Não devia ter ido tão longe. Foi um erro.
Mais um.